sexta-feira, 8 de junho de 2012



Uma noite, só no meu quarto.
O frio envolve o ambiente e eu procuro roupas para me cobrir. Aconchegante edredon. Vazia cama. O inverno faz isso, convida a me encolher sob as cobertas. Mas sozinha, passo a ter pensamentos...

Descalça, pés nus no chão frio, corro até a cozinha e abro o refrigerador buscando algo que me esquente o momento... O ar gélido envolve meu corpo e toco o gelo em busca da garrafa. Abro sofregamente. Quero muito o calor. Desejo com todo o ardor algo pra me esquentar...

Encho uma taça de champanhe e delicadamente deixo fluir o líquido na boca. A bebida escorre entre os lábios invadindo minha boca com intensidade. O frio trazendo o calor. Deixando a língua entorpecida. Acendendo meu ser...



Sozinha na cama observo a lua grande iluminar as silhuetas de macias folhas e curvilíneos galhos no jardim. Sorrio com malícia e sorvo mais um pouco da doce bebida. As borbulhas fazem cócegas ao invadirem meu interior, esquentam meu ânimo, aquecem todo meu corpo. São borboletas que, incansáveis, brincam com minha tolerância às suas carícias.

Livro-me do edredon que me cobria. Penso que em breve as roupas também não estarão mais tocando minha pele. Emano calor. O inverno convida a mais um gole da macia bebida de uvas, delícia...



O suave toque dos meus dedos na taça é escorregadio. O vidro frio contrasta com meu calor. As gotículas se unem e escorrem pela taça, descem pela haste até a base do copo, encharcam meu colo...

Fecho o olhos e absorvo a sensação de ter a roupa molhada pelo suor da taça. Um suor gelado,
diferente do meu... Já não sinto mais frio... a sensação dominadora do calor me consome.

Deitada na cama, à meia luz, deixo o champanhe me deixar tonta, acordar meus sentidos, me confortar...
Quero mais. Sirvo-me de outra taça e uma gota fria displicentemente escorre pelo meu queixo, descendo pelo pescoço, causando arrepios. Longe de ser frio... Lembrei-me de coisas de nós dois...



Meu corpo já não me pertence e reage sozinho aos calores da noite. Arranco as roupas e só, fico deitada no escuro sob o raio de lua que penetra pela janela jogando sua fria luz sobre minha pele quente. A cama parece branca e eu me sinto como uma brasa de carvão solitária, queimando na escuridão, emanando calor por todos os poros...

Penso em você e desejo que você estivesse aqui, colocando ainda mais calor sobre o meu corpo. Juntando seu calor e seu suor aos meus. Sorrio na noite novamente, a bebida me embala e minhas mãos procuram a umidade do meu corpo... Quente...

O calor insano, o contraste do frio e do calor, o champanhe agora derramado sobre minha pele, as borbulhas me fazendo carinho e me arrepiando toda. A intensidade do momento aumenta e finalmente eu te homenageio com meu gozo...

Fico deitada ouvindo o tempo passar, olhando a lua refletindo sobre as gotículas que cobrem minha pele, cabelos em desalinho espalhados no travesseiro...
O coração vai desacelerando, o corpo relaxado.



O frio volta a dominar e aos poucos vou colocando minhas roupas de volta. Seguro a taça de champanhe de novo e suspiro profundamente. Feliz. Sinto apenas sua falta.



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